quarta-feira, 8 de maio de 2013

Mais rolo de pirâmides

Pirâmide de Ponzi e a proposta de dinheiro fácil sem risco

Curiosamente, ontem estávamos discutindo sobre risco e retorno na aula da disciplina de Finanças I e chegamos ao tema relacionado, com o exemplo de uma empresa que oferece um alto retorno em curto espaço de tempo, com baixo risco associado ao investimento.


Quem leu o post aqui no blog sobre a Hipótese de Mercado Eficiente, a nota de 20 dólares e o golpe dos 10% (clique aqui) deve ter aprendido um pouco sobre esse tipo de investimento que traz dinheiro fácil. Porém, infelizmente algumas pessoas continuam caindo nessas armadilhas.


Segue uma matéria publicada no Jornal A Gazeta com a participação do Professor Fernando Caio Galdi e do Professor Emerson Mainardes.


Fonte: http://contabilidademq.blogspot.com.br/2013/02/piramide-de-ponzi-e-proposta-de.html?showComment=1368049155970

Esquema de Pirâmides

Esquemas de pirâmide, cadeias de cartas e esquemas de Ponzi


Um esquema de pirâmide é um sistema fraudulento de fazer dinheiro que requere uma fonte infindável de recrutas para ter sucesso. Os recrutados (a) dão dinheiro aos recrutadores e (b) recrutam novos elementos para lhes darem dinheiro.

No esquema das cadeias de cartas, o recrutador envia aos novos recrutas uma carta com uma lista de nomes, incluindo o do recrutador no fundo da lista. Os recrutados devem enviar dinheiro ao nome que está no topo e adicionar o seu nome ao fim da lista. O dinheiro apenas é ganho conquistando novos recrutas para a cadeia, adicionando o nome e recrutando outros. Em teoria, o nome de cada chega ao topo de milhões de listas e recebe milhões. Na prática, a maior parte das pessoas não recebe nada. Qualquer um pode quebrar a cadeia, privando os outros da lista de possiveis "ganhos". Mas, mesmo se ninguem quebrar a cadeia, 95% dos que enviam dinheiro não recebem nada.

Num esquema de Ponzi, as pessoas são recrutados para "investir" e recebem "juros" do seu "investimento" com o dinheiro "investido" pelos recrutados posteriormente (D. Branca diz-lhe alguma coisa?). Eventualmente, os recrutas acabam e a grande maioria dos "investidores" perde tudo.

Num esquema de pirâmide é pedido ao recruta para dar dinheiro ao recrutador, por exemplo 100. O novo recruta alista, digamos 10 novos, cada um dos quais dá 100. Neste exemplo, o recrutador recebe todo o dinheiro dos seus recrutas. No nosso caso, cada um dá 100 em troca de 900 (100 de cada um dos 10 menos os 100 que deu ao recrutador). Para que ninguem perca dinheiro, o esquema tem de continuar para sempre. Num planeta com um numero limitado de pessoas, mesmo se tão grande como a Terra quase com 6 biliões de potenciais recrutas, os recrutas esgotam-se muito depressa.

O resultado destes esquemas é inevitável: na melhor hipótese, algumas pessoas safam-se com muito dinheiro, e a maioria perde tudo. De facto, a unica maneira de alguem fazer dinheiro com um esquema destes é se engana outras pessoas a darem-lhe dinheiro com a promessa de conseguir algo em troca quando lhes é impossivel conseguirem algo em troca. Em linguagem corrente, estes esquemas são sempre uma fraude. Enganam para conseguir o dinheiro. É por isso que é ilegal. Não é ilegal por recrutarem pessoas para recrutarem pessoas para recrutarem pessoas. Isso é legal e é feito em muitos negócios. Não é ilegal por envolver dar dinheiro a outras pessoas. São ilegais porque envolve enganar pessoas de modo a levá-las a dar dinheiro. É essa a definição legal de fraude.

Um esquema de pirâmide tem esse nome devido à forma de pirâmide. Se começasse com um humano no topo e 10 abaixo, e 100 abaixo, e 1000 abaixo, etc, a pirâmide reuniria toda a população da terra em apenas 10 camadas com um homem no topo. A camada de baixo teria mais de 4.5 biliões de pessoas!

Um diagrama pode ajudar a ver isto:

1

10

100

1.000

10.000

100.000

1.000.000

10.000.000

100.000.000

1.000.000.000

10.000.000.000

Em resumo, 10 recrutando 10 e em pouco tempo atingimos 10 biliões, bem mais que a população da Terra. Se a população for de 5 biliões e toda a gente participa, temos uma camada inferior de cerca de 90% da população, 4,5 biliões de pessoas. Ou seja, 500 milhões de vencedores e 4,5 biliões de vencidos.

Claro que as hipóteses de convencer toda d população está para lá da compreensão. Mas eu sou o tipo mais esperto do mundo, e o planeta todo adere ao meu esquema. Se preciso de uma semana para convencer os meus 10 recrutas e que cada um está tão entusiasmado como eu, temos todo o planeta recrutado em 9 semanas.

Na prática, nenhum esquema funciona tanto tempo. Todos os esquemas morrem quanto os novos recrutas eixam de entrar com dinheiro para pagar os antigos. Haverá sempre quem tope o esquema. Haverá sempre quem pense que "é bom demais para ser verdade". Haverá sempre quem ache que embora 1 a recrutar 10 não parece muito rapidamente os numeros se tornam irrealistas. Basta uma pessoa para parar o esquema, seja desistindo apenas, seja denunciando o esquema à policia.

É fácil perceber porque estes esquemas são populares: as pessoas são gananciosas. A ganancia turva o raciocinio. Os desejos tornam-se factos. Fazer perguntas é rude e indelicado. Basta um aldrabão para tudo começar a correr.

Com probabilidades tão altas contra as pessoas porque é que alguem joga nestes esquemas? A ganância é parte da resposta. A maior parte das pessoas não se vê na camada de baixo da pirâmide. Mesmo o mais ganancioso percebe que se estiver perto da camada do fundo não vai conseguir recrutar. Teem de se ver junto ao topo para esperar as imensas vantagens sem esforço que lhe chegarão.

Para mais, se espero envolver alguem num esquema de piramide, a primeira coisa a fazer é convencê-los de que não é um esquema desses. Podem saber que é ilegal. Ou podem perceber que 90% dos envolvidos perdem. Portanto, digo-lhes que estão a juntar-se a um clube. Dou um nome bonito ao clube, como The Friendly Investors Club (FIC). Asseguro que o FIC está aprovado e é legal. Se fôr bom, os recrutas acreditam em mim. As respeitáveis pessoas passam a informação a outros. Se fôr mesmo bom, convenco-os de que estão a aderir a um clube legitimo e lucrativo, e que os ganhos não estão sujeitos a impostos. Convenco-os de que, para efeitos legais, estão estão a dar dinheiro, e outros lhes darão dinheiro a eles.

Bem, se os esquemas de piramide são um mau investimento, que tal as cadeias de cartas? O principio é basicamente o mesmo, excepto que com as cartas, não tem de se iludir tanto como com as pirâmides. Provavelmente sabe que este esquema depende de enganar os amigos convencendo-os a dar dinheiro a estranhos com a promessa de receberem muito mais de outros estranhos. Recebe uma carta com uma lista de nomes. Deve mandar dinheiro ao nome de cima, apagá-lo e juntar o seu nome no fundo, e recrutar 5 ou 10 pessoas para fazerem o mesmo enviando a carta com o seu nome no fundo.

Um esquema de Ponzi, nomeado por Charles Ponzi que defraudou pessoas nos anos vinte usando o método, envolve convencer pessoas a investir em algo com uma taxa de retorno garantida e usando o dinheiro dos que chegam mais tarde para pagar aos primeiros. Quem ganha dinheiro? Os que começam e os que chegam primeiro. Alguem faz mesmo dinheiro? Devem fazer ou não haveria tantos esquemas. Como? Se começo o esquema, pago o suficiente a algumas pessoas para parecer que funciona, mesmo se é preciso comprar no fundo. Posso ser suficientemente estupido para pensar que consigo mantê-lo sem novos recrutas. Posso tentar arranjar dinheiro depressa. Posso jogar no Totoloto e esperar ganhar. 

Não sei quantas pessoas perderam dinheiro "investindo" nestes esquemas, mas nada como o que aconteceu na Roménia em 1993 ou na Albânia em 1997. Milhares de pessoas perderam dinheiro em esquemas de pirâmide. Os jornais romenos afirmaram que milhões de pessoas perderam as poupanças num esquema chamado Caritas. Qualquer esquema está condenado porque exige uma fila infinita de "investidores." A unica coisa infinita é ganancia e auto-ilusão.


Links

Leia sobre a Fortuna Alliance e o acusação da FTC de que é um esquema de pirâmide na internet!

  • "Make Money Fast" por Arnold Kling
  • Chain Letters por Donald Watrous
  • Consumer Protection Utah Department of Commerce
  • "How to Avoid Ponzi and Pyramid Schemes," Uma publicação de educação do Consumidor pela Securities and Exchange Commission
  • "Tips on....Multi-Level Marketing (How to Tell a Legitimate Opportunity from a Pyramid Scheme)"
  • Charles K. Ponzi Website

    Bulgatz, Joseph. Ponzi Schemes, Invaders From Mars, and More Extraordinary Popular Delusions (Harmony Books, 1992).

    Fitzpatrick, Robert L. e Joyce Reynolds. False Profits - Seeking Financial and Spiritual Deliverance in Multi-Level Marketing and Pyramid Schemes (Charlotte, N.C.: Herald Press, 1997). 

  • Fonte: http://brazil.skepdic.com/piramide.html

    terça-feira, 7 de maio de 2013

    Clube dos seis - Golpe da Pirâmide

    O golpe da Pirâmide Financeira está de volta, agora pela Internet

    Fonte: http://www.radio730.com.br/economia/o-golpe-da-piramide-financeira-esta-de-volta-agora-pela-internet


    Pirâmide: um esquema que todo mundo sabe que vai ruir

    Ganhar muito dinheiro com o mínimo esforço. É acreditando nesse desejo que são criados os golpes financeiros, inclusive os esquemas que ficaram conhecidos como Pirâmide da Fortuna, Financeira ou de Ponzi. Os primeiros apareceram no Brasil entre as décadas de 1990 e 2000, mas o golpe é antigo. O mais antigo data de 1920, quando o ítalo-americano Charles Ponzi prometeu rentabilidade de 50% em apenas 45 dias na troca de cupons postais de outros países por selos nos EUA. Apesar do fracasso e de a formação das correntes ser considerada crime de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal, o modelo faz suas vítimas até hoje.

    O esquema começa com seis pessoas que recrutam outras seis atingindo, no segundo nível, 36 membros, no terceiro, 216, e assim sucessivamente. Cada novo membro injeta um determinado valor ao adquirir cotas para ingressar no negócio. É esse valor que constitui os dividendos que sustentam os integrantes dos primeiros níveis. O risco consiste no rompimento da corrente, alerta o economista e especialista em matemática financeira Paulo Borges Campus. Isso ocorre quando as adesões diminuem ou cessam e a pirâmide começa a ruir. “Trata-se de um sistema insustentável, pois depende de constantes adesões para manter-se”.

    Na década passada, milhares de brasileiros caíram no golpe que recrutava investidores por meio de cartas. Com a popularização da internet, as cartas foram substituídas pelos e-mails. Se você ainda não recebeu, com certeza vai chegar a sua caixa de mensagem um convite para participar de um esquema que promete arrecadar mais de R$ 300 mil em menos de seis meses. O autor de uma dessas pirâmides que percorrem o mundo virtual se apresenta como Nelson Pires, advogado aposentado e pastor em Caxias do Sul (RS). 

    Dando um testemunho sobre a própria prosperidade, Nelson tenta convencer os eventuais incautos que não se trata de golpe, mas sim uma corrente do bem. Para participar a pessoa deve depositar R$ 12 na conta de seis pessoas que compõem uma lista e enviar e-mail para mais de 250 contatos recrutando mais adeptos. As contas são mirabolantes e o suposto golpista explica passo a passo como ficar rico em menos de um ano. Para dar credibilidade ao esquema, o novo membro deve fazer a cópia dos comprovantes de depósito e encaminhar anexado ao convite.


    “Aqueles que iniciaram o esquema estão ganhando, os que começaram agora estão na expectativa, mas com certeza em algum momento alguém será lesado”

    Em Goiás, ainda não há denuncias de vítimas do golpe na Delegacia do Consumidor e no Procon, mas o delegado Itamar Lourenço acredita que isso é questão de tempo porque o modelo é típico de pirâmide. “Aqueles que iniciaram o esquema estão ganhando, os que começaram agora estão na expectativa, mas com certeza em algum momento alguém será lesado”. De acordo com o Ministério da Fazenda, a Pirâmide Financeira é um crime contra a economia popular, já que propõe a oferta de ganhos altos e rápidos, o pagamento de comissões excessivas acima das receitas advindas de vendas de bens reais e a não sustentabilidade do modelo de negócio desenvolvido pela organização. De 2007 a 2011, a Comissão de Valores Mobiliários abriu 24 processos administrativos contra ofertas com características de pirâmides.


    A polícia e o Ministério Público do Espirito Santo, Acre, Mato Grosso e Pernambuco investigam a empresa americana suspeita de aplicar o golpe da pirâmide em todo País

    A despeito disso, a polícia não investiga o caso. O delegado Itamar Lourenço explica que as investigações dependem de denúncias de supostas vítimas. A reportagem da Rede Clube de Comunicação investigou a origem do e-mail e não conseguiu localizar, em Caxias do Sul, o pastor Nelson Pires, suposto criador do e-mail que está virando mania na internet.  A polícia e o Ministério Público do Espirito Santo, Acre, Mato Grosso e Pernambuco já investigam uma empresa americana suspeita de aplicar o golpe da pirâmide em todo País. A desconfiança paira sobre a Telexfree, empresa com sede no estado capixaba. A empresa é a grande promessa do momento de ganhar milhões em menos de um ano.

    Para entrar no negócio é preciso fazer depósito financeiro, recrutar novos seguidores e postar anúncios diariamente na internet. A fórmula para ganhar dinheiro? Convencer mais pessoas a fazer o mesmo. A febre da Telexfree começou no ano passado e ainda não há registro de adeptos que teriam denunciado prejuízo. A assessoria de comunicação da Telexfree afirma que a principal fonte de receita está na venda de serviço de telefonia via internet, chamada VoIP (voz sobre IP). Para isso, ela recruta o que chama de “divulgadores” que publicam anúncios do produto em redes sociais e sites de classificados e são remunerados por essa tarefa.


    Arte: André Rezende

    Para a Telexfree, seu negócio é uma inovação publicitária com quase 700 mil divulgadores, sendo que 90% deles estão no Brasil. A novidade é vista com desconfiança pela polícia, que percebe no negócio indícios de que o modelo seja semelhante ao golpe da pirâmide financeira porque depende da continuidade das adesões. Quando elas cessarem, os que estiverem no nível inferior certamente ficarão com o prejuízo.

    Apesar das suspeitas, em nota, a Polícia Federal explica que o golpe caracteriza estelionato, portanto a investigação é de competência das polícias civis dos Estados.


    Quando a pirâmide ruiu em 2005, a empresa fechou as portas e provocou um prejuízo estimado em 1 bilhão de reais

    O apelo do dinheiro fácil é maior que a cautela. Não é de hoje que pessoas são enganadas com a promessa de lucro sem fazer nada. Em 1990, a Fazendas Reunidas Boi Gordo impôs a 30 mil investidores um prejuízo de R$ 3,9 bilhões. A promessa? Lucro mínimo de 42% no prazo de um ano. A empresa faliu em 2004. Em Goiânia surgiu a mova modalidade de pirâmide em 1998: a Avestruz Master com promessa de retorno de 10% sobre a aplicação até o mês em que a avestruz fosse readquirida pela empresa. A pirâmide ruiu em 2005, deixando um prejuízo estimado em R$ 1 bilhão.