quarta-feira, 3 de junho de 2009

Do limão à limonada



Do limão à limonada

Por Augusto Vilaça*

Sabe aquele ditado: “Se a vida te der um limão, faça dele uma limonada”? Bom, quisera eu que fosse sempre simples assim. Por vezes a vida nos coloca frente a frente com cada situação que, ainda que fosse um limão, seria mais azedo que o normal, e estaríamos sem faca, espremedor, nem ao menos um copo, ou algo do gênero, para coletar o sumo.

Bom, ainda assim, meu velho pai(e olhe que ele nem se acha tão velho assim…) já me dizia: “A vida sempre nos ensina uma lição”, mas que raios de lição é essa eu, sinceramente, por vezes não consigo entender.

Porque será que para alguns o limão é sempre doce e, além de empregados para isso, eles ainda tem acesso aos mais tecnológicos recursos para espremê-los (ainda que, como eu já mencionei, esses “alguns” nem precisem se preocupar com isso, já que tem quem o faça), e só se lembram do tal limão que a vida lhes deu quando ele já virou uma doce e refrescante limonada.

Em assim sendo, porque será que há outros para quem os limões, que frequentemente lhes aparecem, são pequenos, azedos, sem sumo e, para piorar ainda mais as coisas, não há as ferramentas mínimas necessárias para sequer cortá-lo ao meio, quanto mais espremê-lo.

Devemos enxergar em cada mudança, em cada obstáculo, uma chance de nos aperfeiçoarmos, pelo menos é o que nos ensinam aqueles grandes profetas da autoajuda, mas, ao menos, e essa é minha ótica, eles realmente conseguiram fazer do limão, uma limonada, só que, do limão dos outros. Quantos será que, realmente, tiveram que enfrentar tais problemas que eles tão bem diagnosticam e dão soluções mágicas? Tudo é bem mais fácil na teoria. Ainda falando em ditos populares: “Na prática, a teoria é outra”.

É amigo leitor, a vida, por vezes, pode ser bem sacana conosco e cabe a nós termos a presença de espírito para sacaneá-la de volta. Isso sim, seria um bom conselho. Não vender ilusões de que de todo limão se pode fazer uma limonada, mas de entender que, se não servir para espremer, podemos usá-lo para perfumar o ambiente (por pouco tempo, já que uma hora ou outra vai apodrecer), como uma pequena bolinha (ainda não pensei em nenhum jogo que se encaixe, mas deve haver), ou ainda para atirar de volta em quem nos presenteou e ficar com aquela cara de: “não faço a mínima idéia de quem poderá ter sido”.

Bom, depois de ter rodado muito em volta do assunto e não ter dito muita coisa, peço licença para sair um pouco, é que acaba de me chegar, pelos correios, sem remetente, um cágado (para os que nunca ouviram falar, é uma espécie de jabuti), e eu vou logo passar ele à frente, antes que eu faça alguma besteira.

Como diria o Pernalonga,

Por hoje é só, pessoal.

Do Timor, com carinho,

Gus

Dili, 03/06/09

Um abraço e fiquem em Segurança.

Best wishes, and stay safe.


* Augusto Vilaça é Capitão da PMPE e integra a Força de Paz da ONU no Timor Leste.

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