quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A parábola da galinha e do porco – as aparências podem enganar

Falando sobre o não atingimento da meta do pacto pela vida me lembrei dessa parábola sobre Porcos e Galinhas:




Há alguns anos, eu li pela primeira vez a parábola da galinha e do porco. Gostei da analogia. A galinha é “envolvida”; o porco é “comprometido”. A história se popularizou. Os fenômenos da internet e da web 2.0 trataram de fazer com que os incautos que ainda não tivessem tido a oportunidade de conhecer os dois estereótipos profissionais, não ficassem alheios à mensagem: as empresas valorizam os colaboradores comprometidos.
Enfim, o porco ganhou o respeito e admiração da fauna corporativa! Em contrapartida, a galinha passou a ser tratada como cidadã de segunda categoria. Em pouco tempo, todo gestor que se prezasse tinha um sonho: trocar seu galinheiro por uma bela pocilga – cheia de exemplares rechonchudos e ávidos por entrarem na faca.
É… Alguém já disse que devemos tomar cuidado com as analogias. Elas têm um limite. Eu entendo que a analogia é muito útil quando nos faz refletir e, a partir daquela provocação inicial, deixamos o mundo das fábulas e passamos a reavaliar nossos próprios modelos mentais com aplicações práticas e adequadas à realidade. Como isso requer certo esforço (pensar, estruturar e solidificar idéias, entre outras coisas, pode doer um pouco), há aqueles que preferem, em cima de uma alegoria, desenvolver um modelo de gestão simplista e simplório: no caso, porco-in, galinha-out.
Posso dizer que o resultado prático dessa visão leviana tem criado algumas distorções. Tenho visto dois tipos distintos:
  • O suíno e seu caráter sacrificial – Sempre o último a sair (mesmo que não tenha nada a fazer), primeiro voluntário em qualquer grupo ou atividade (mesmo sem a habilidade ou conhecimento para as tarefas – que vai ser compensado com um tremendo esforço, claro), candidato a chefe da porcada (sempre disposto a denunciar qualquer recaída galinácea da tropa) etc. Suas olheiras de sono mal dormido são objeto de autopromoção e de admiração pública.
  • O galináceo e sua insignificante produção de ovos – Aquele que, todo dia faz o seu papel de maneira padronizada e abnegada. Entra e sai no horário (evita as horas extras), mas não deixa nada por fazer. Preserva-se, a fim de continuar produzindo seus ovinhos por muitos anos.
Sinto-me obrigado a perguntar :
Será que essa legião de porcos (mais precisamente, essa vara) que temos visto não tem usado essa entrega quase insana como um meio de esconder suas limitações e erros, conquistando sua cadeirinha cativa na empresa (e no nosso coração) como aquele que “não é lá muito bom, mas é tão dedicado”?
Por outro lado, será que não temos menosprezado e subestimado o trabalho simples, mas previsível e pontual das galinhas? Aliás, eu nunca tentei, mas não me atrevo a dizer que colocar um ovo seja tarefa trivial.
Atenção! As aparências podem nos pregar uma grande peça.

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