terça-feira, 7 de maio de 2013

Clube dos seis - Golpe da Pirâmide

O golpe da Pirâmide Financeira está de volta, agora pela Internet

Fonte: http://www.radio730.com.br/economia/o-golpe-da-piramide-financeira-esta-de-volta-agora-pela-internet


Pirâmide: um esquema que todo mundo sabe que vai ruir

Ganhar muito dinheiro com o mínimo esforço. É acreditando nesse desejo que são criados os golpes financeiros, inclusive os esquemas que ficaram conhecidos como Pirâmide da Fortuna, Financeira ou de Ponzi. Os primeiros apareceram no Brasil entre as décadas de 1990 e 2000, mas o golpe é antigo. O mais antigo data de 1920, quando o ítalo-americano Charles Ponzi prometeu rentabilidade de 50% em apenas 45 dias na troca de cupons postais de outros países por selos nos EUA. Apesar do fracasso e de a formação das correntes ser considerada crime de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal, o modelo faz suas vítimas até hoje.

O esquema começa com seis pessoas que recrutam outras seis atingindo, no segundo nível, 36 membros, no terceiro, 216, e assim sucessivamente. Cada novo membro injeta um determinado valor ao adquirir cotas para ingressar no negócio. É esse valor que constitui os dividendos que sustentam os integrantes dos primeiros níveis. O risco consiste no rompimento da corrente, alerta o economista e especialista em matemática financeira Paulo Borges Campus. Isso ocorre quando as adesões diminuem ou cessam e a pirâmide começa a ruir. “Trata-se de um sistema insustentável, pois depende de constantes adesões para manter-se”.

Na década passada, milhares de brasileiros caíram no golpe que recrutava investidores por meio de cartas. Com a popularização da internet, as cartas foram substituídas pelos e-mails. Se você ainda não recebeu, com certeza vai chegar a sua caixa de mensagem um convite para participar de um esquema que promete arrecadar mais de R$ 300 mil em menos de seis meses. O autor de uma dessas pirâmides que percorrem o mundo virtual se apresenta como Nelson Pires, advogado aposentado e pastor em Caxias do Sul (RS). 

Dando um testemunho sobre a própria prosperidade, Nelson tenta convencer os eventuais incautos que não se trata de golpe, mas sim uma corrente do bem. Para participar a pessoa deve depositar R$ 12 na conta de seis pessoas que compõem uma lista e enviar e-mail para mais de 250 contatos recrutando mais adeptos. As contas são mirabolantes e o suposto golpista explica passo a passo como ficar rico em menos de um ano. Para dar credibilidade ao esquema, o novo membro deve fazer a cópia dos comprovantes de depósito e encaminhar anexado ao convite.


“Aqueles que iniciaram o esquema estão ganhando, os que começaram agora estão na expectativa, mas com certeza em algum momento alguém será lesado”

Em Goiás, ainda não há denuncias de vítimas do golpe na Delegacia do Consumidor e no Procon, mas o delegado Itamar Lourenço acredita que isso é questão de tempo porque o modelo é típico de pirâmide. “Aqueles que iniciaram o esquema estão ganhando, os que começaram agora estão na expectativa, mas com certeza em algum momento alguém será lesado”. De acordo com o Ministério da Fazenda, a Pirâmide Financeira é um crime contra a economia popular, já que propõe a oferta de ganhos altos e rápidos, o pagamento de comissões excessivas acima das receitas advindas de vendas de bens reais e a não sustentabilidade do modelo de negócio desenvolvido pela organização. De 2007 a 2011, a Comissão de Valores Mobiliários abriu 24 processos administrativos contra ofertas com características de pirâmides.


A polícia e o Ministério Público do Espirito Santo, Acre, Mato Grosso e Pernambuco investigam a empresa americana suspeita de aplicar o golpe da pirâmide em todo País

A despeito disso, a polícia não investiga o caso. O delegado Itamar Lourenço explica que as investigações dependem de denúncias de supostas vítimas. A reportagem da Rede Clube de Comunicação investigou a origem do e-mail e não conseguiu localizar, em Caxias do Sul, o pastor Nelson Pires, suposto criador do e-mail que está virando mania na internet.  A polícia e o Ministério Público do Espirito Santo, Acre, Mato Grosso e Pernambuco já investigam uma empresa americana suspeita de aplicar o golpe da pirâmide em todo País. A desconfiança paira sobre a Telexfree, empresa com sede no estado capixaba. A empresa é a grande promessa do momento de ganhar milhões em menos de um ano.

Para entrar no negócio é preciso fazer depósito financeiro, recrutar novos seguidores e postar anúncios diariamente na internet. A fórmula para ganhar dinheiro? Convencer mais pessoas a fazer o mesmo. A febre da Telexfree começou no ano passado e ainda não há registro de adeptos que teriam denunciado prejuízo. A assessoria de comunicação da Telexfree afirma que a principal fonte de receita está na venda de serviço de telefonia via internet, chamada VoIP (voz sobre IP). Para isso, ela recruta o que chama de “divulgadores” que publicam anúncios do produto em redes sociais e sites de classificados e são remunerados por essa tarefa.


Arte: André Rezende

Para a Telexfree, seu negócio é uma inovação publicitária com quase 700 mil divulgadores, sendo que 90% deles estão no Brasil. A novidade é vista com desconfiança pela polícia, que percebe no negócio indícios de que o modelo seja semelhante ao golpe da pirâmide financeira porque depende da continuidade das adesões. Quando elas cessarem, os que estiverem no nível inferior certamente ficarão com o prejuízo.

Apesar das suspeitas, em nota, a Polícia Federal explica que o golpe caracteriza estelionato, portanto a investigação é de competência das polícias civis dos Estados.


Quando a pirâmide ruiu em 2005, a empresa fechou as portas e provocou um prejuízo estimado em 1 bilhão de reais

O apelo do dinheiro fácil é maior que a cautela. Não é de hoje que pessoas são enganadas com a promessa de lucro sem fazer nada. Em 1990, a Fazendas Reunidas Boi Gordo impôs a 30 mil investidores um prejuízo de R$ 3,9 bilhões. A promessa? Lucro mínimo de 42% no prazo de um ano. A empresa faliu em 2004. Em Goiânia surgiu a mova modalidade de pirâmide em 1998: a Avestruz Master com promessa de retorno de 10% sobre a aplicação até o mês em que a avestruz fosse readquirida pela empresa. A pirâmide ruiu em 2005, deixando um prejuízo estimado em R$ 1 bilhão.

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