Atritos com o governador desgastam titular da SDS
Publicado em 16.03.2011
Nos últimos 30 dias, o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, passou por pelo menos quatro situações de desgaste com o governador Eduardo Campos. A falta de sintonia entre o secretário e o governador ficou clara em episódios divulgados pela imprensa e em atritos testemunhados por subordinados de ambos.
O primeiro momento tenso entre o governador e o secretário ocorreu no dia 16 de fevereiro. Menos de 24 horas após Wilson Damázio dar entrevista dizendo que PMs acusados de abuso sexual contra moradores da Ilha Joana Bezerra, na área Central do Recife, permaneceriam nas ruas, Eduardo Campos afastou os oito suspeitos.
No dia seguinte, em uma reunião de monitoramento do Pacto pela Vida, o governador repreendeu publicamente Wilson Damázio por ele ter encaminhado uma proposta de reajuste para a Polícia Militar à Secretaria de Administração. A atitude do secretário irritou Eduardo Campos, que questionou Damázio diante do governador de Sergipe, Marcelo Déda, convidado para participar da reunião do programa estadual de segurança.
A proposta de reajuste encampada pelo secretário de Defesa Social teria sido construída com o comando da PM e associações militares, mas segundo o governador seria inviável para o Estado. “Foi um momento constrangedor”, destacou um oficial da PM que testemunhou a bronca e preferiu não se identificar.
A tensão entre o palácio e a SDS chegou ao máximo na primeira semana de março, quando veio a público a intimação de um repórter do JC pela Corregedoria-Geral da instituição. Os corregedores, a pretexto de investigar as denúncias de sucateamento do Corpo de Bombeiros interrogaram o jornalista João Valadares e pediram que ele identificasse suas fontes. A medida causou reação de entidades de classe e organizações não governamentais de defesa dos Direitos Humanos.
O secretário de Defesa Social deu entrevistas contemporizando a atitude dos corregedores. Foi surpreendido pela exoneração dos dois encarregados pela sindicância e, principalmente, pela demissão do corregedor-geral, Zulmar Pimentel.
No Diário Oficial do Estado do dia 4 de março, enquanto na página 6, o governador exonerava o corregedor-geral, na página seguinte, Damázio publicava elogio, ao colega de Polícia Federal, Zulmar Pimentel.
PROCURA
Fontes ligadas ao Palácio do Campo das Princesas revelaram que Zulmar já havia pedido para deixar o cargo, mas foi exonerado por Eduardo Campos para mostrar que o governo não concordava com a pressão sobre a imprensa.
Informações extraoficiais dizem que o governo já busca um novo titular para a Defesa Social. Entre os cotados está o ex-secretário-executivo e atual secretário de Segurança Pública da Paraíba, Cláudio Lima.
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