terça-feira, 22 de julho de 2008

PM reconhece falhas e promete novos cursos

PM reconhece falhas e promete novos cursos
Publicado em 22.07.2008


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Por causa da ação que resultou no óbito de Maria Eduarda Barros, 9 anos, o chefe do Estado-Maior Daniel Ferreira admitiu que preparação em batalhões é deficitária e, por isso, reforçará treinamentos

O chefe do Estado-Maior da Polícia Militar de Pernambuco (PM-PE), Daniel Ferreira, reconheceu, ontem, que o curso de capacitação para os policiais militares lotados em batalhões de área, responsáveis pelo policiamento no Grande Recife, é deficitário. Para tentar acabar com esse problema, ficou determinado que a Companhia Independente de Operações Especiais (Cioe) vai enviar grupos para as unidades, a partir desta semana, para ministrar cursos de aperfeiçoamento. Na RMR, serão contemplados o 1º, 6º, 11º, 12º, 13º, 16º, 17º, 18º, 19º e 20º BPMs. Os batalhões do interior contarão com apoio da Companhia Independente de Operações e Sobrevivência em Áreas de Caatinga (Ciosac), em período ainda a ser definido.

A declaração foi dada pouco mais de 48 horas depois de Maria Eduarda Ramos de Barros, 9 anos, ser baleada e morta após ação de PMs da Companhia Independente de Policiamento com Motos (CIPMotos). Eles tentavam evitar um assalto ao carro onde a menina estava com outras quatro crianças e dois adultos, voltando de uma festa, na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife.

“Os PMs da CIPMotos têm instruções continuadas, assim como todos os batalhões especializados. Reconhecemos, entretanto, que os batalhões de área não estão tendo esse tipo de instrução”, informou Ferreira.

De acordo com o secretário de Defesa Social, Servilho Paiva, PMs da CIPMotos passaram por treinamento de capacitação entre março e maio deste ano. “Realizamos essa capacitação este ano com a CIPMotos. Todos os policiais são obrigados a participar, num total de 28 horas de técnicas de abordagem”, explicou.

Ele não soube informar, entretanto, se os policiais envolvidos na morte da menina, o sargento Aldo Fernando da Silva e o soldado Erenildo Januário dos Santos, estiveram nesse treinamento. Caso não tenham feito a capacitação, a última habilitação feita por Aldo Fernando foi em 2004, enquanto a de Eronildo ocorreu em 2006. Após a ação de sexta-feira, eles foram afastados das ruas e designados para fazer serviços administrativos.

Antes de um PM ir trabalhar na rua, passa por 800 horas de capacitação, das quais 54 são de técnicas de abordagem e 125 horas de prática. Questionado se o período era suficiente para um PM passar a defender a população (hoje, o curso dura quatro meses), Servilho Paiva afirmou que o tempo de duração do curso não é determinante para uma boa formação dos policiais.

“A carga horária é determinada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública. O mesmo curso pode durar um ano, mas o nosso durou quatro meses porque foi ministrado em dois turnos. Além disso, um policial nunca vai estar totalmente preparado, porque os bandidos estão sempre mudando as formas de abordagem às vítimas. É necessário estar sempre se renovando com cursos de aperfeiçoamento”, finalizou.

Paiva não concordou com as críticas feitas à PM, apontada como despreparada. “Está sendo feito um julgamento de forma equivocada. Claro que houve erros, mas foi um fato isolado. Não podemos ficar comparando Pernambuco com outros Estados, porque a morte da menina não foi um caso comum, que sempre ocorre”, afirmou, se referindo a crimes semelhantes como os que ocorreram no Rio de Janeiro e Paraná, nos últimos dias.

Este ano, no entanto, outro caso envolvendo morte de menor e PMs chocou o Estado. Em fevereiro, o adolescente Dênis dos Santos, 13, morreu por asfixia após ser abordado por alunos da polícia durante desfile de bloco de Carnaval na Avenida do Forte, no Cordeiro, Zona Oeste.

Fonte: http://jc.uol.com.br/jornal/2008/07/22/not_291353.php

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Faz tempo que a Diretoria de Ensino luta para realizar estes cursos e capacitações, mas a SDS travava tudo, tivemos que ter uma tragédia para liberação de novos cursos, inclusive um curso de operações especiais já autorizado pela Secretária de Administração e ainda estancado pela competente e poderosa SDS.

É mole ou querem mais?


Cerca de 17 mil PMs vão fazer cursos de reciclagem

SEGURANÇA // Anúncio foi feito três dias após menina morrer durante ação contra bandidos

Aline Moura

Da equipe do Diario


Cerca de 17 mil policiais militares vão passar por cursos de reciclagem, a começar pelos mais antigos da corporação. A determinação é do secretário estadual de Defesa Social, Servilho Paiva. Ele disse que ainda não há previsão para o início dos trabalhos, mas garantiu ser "o mais rápido possível". A decisão foi anunciada, ontem, três dias depois da morte de Maria Eduarda Ramos Barros, 9 anos. A menina levou um tiro fatal na sexta-feira passada, quando dois policiais tentaram frustrar um assalto ao carro de sua família, no bairro da Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife. Outras quatro pessoas do veículo também saíram feridas. Os parentes da garota asseguram que os tiros partiram dos policiais e não dos criminosos.

O secretário negou que a abordagem dos policiais aos bandidos tivesse sido equivocada por falta de capacitação e treinamento, como afirmou a Associação de Cabos e Soldados. Mas Servilho Paiva admitiu que recebeu a segurança do estado sucateada, herança do governo passado, e que ainda precisa passar por mudanças. "Não podemos fazer um trabalho com mais de 10 policiais de uma só vez, mas vamos fazer uma nova capacitação com todos, porque o crime é dinâmico", afirmou, em entrevista ao Diario.

Segundo o Paiva, os policiais recém-formados não vão ser público prioritário da recliclagem, porque eles cumpriram uma carga curricular de 800 horas, como determina a matriz da Secretaria Nacional de Segurança Pública. Os novos policiais, por exemplo, tiveram 54 horas de técnicas de abordagem, 81 horas de técnicas de policiamento ostensivo, 42 horas de legislação básica, 30 horas de tiro com o Método Giraldi, um curso de tiro defensivo na preservação da vida, além de 125 horas de prática. Já os policiais mais antigos tiveram aulas de tiro com revólveres 38, que não são mais usados na instituição.

"A requalificação vai ser dirigida para toda força empregada nas ruas. Estamos estudando a quantidade de instrutores que vamos utilizar, quais os setores que serão destacados. Mas será omais rápido possível, começando pelos que estão mais distantes (a mais tempo sem treinamento)", declarou, acrescentando que a SDS já providenciou a distribuição de uma cartilha com enfoque no tipo de abordagem policial.

Sem confronto - Embora a agilidade do anúncio indique uma mea culpa da última ação policial, o secretário saiu em defesa da corporação. Para ele, o último incidente desta natureza ocorreu em 2001. Servilho Paiva negou, inclusive, semelhanças deste caso com o de Dênis dos Santos, 13, morto por asfixia depois de levar uma "gravata" dada por um aluno do Curso de Formação de Soldados num desfile de um bloco carnavalesco.

"Não dá para colocar em xeque a credibilidade de uma corporação por conta de um episódio excepcional. Não é razoável comparar este caso com aquele. A polícia daqui não tem uma doutrina de confronto. Fizemos mais de 20 operações policiais, 300 pessoas foram presas sem dispararmos um tiro", afirmou.

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