quarta-feira, 9 de julho de 2008

RJ: soldado da PM afirma que não teve treinamento

RJ: soldado da PM afirma que não teve treinamento

O governador do Rio, Sérgio Cabral, afirmou, nesta terça-feira, que os policiais que mataram o menino João Roberto Soares foram incompetentes porque não souberam agir em um momento de tensão.



A operação, classificada como “desastrosa” pelo governo, chamou atenção para o treinamento que os policiais recebem antes de ir para as ruas com uma arma na mão. Segundo as regras da Polícia Militar do Rio de Janeiro, a abordagem a um veículo suspeito, parado na rua, deveria ser dessa forma: “Atenção motorista: desligue o veículo e retire a chave da ignição.” Atirar? “Só se dispararem ou fizerem menção de disparar as armas”, explica um policial militar.

As técnicas de abordagem são aprendidas pelos policiais no terceiro mês do curso de formação, que dura oito meses. Ao todo, são 44 horas de aulas, todas previstas em manuais que os policiais levam para casa. Depois, quando são designados para os batalhões, o treinamento deve se repetir mais vezes.

A pergunta que surge é a seguinte: porque a abordagem correta não é realizada sempre nas ruas da cidade? Um soldado, que tem medo de ser identificado, conta como foi o treinamento dele para abordar motoristas: “Só teoria. A teoria está lá, mas a prática não. O que eu sei da polícia foi aprendido no dia-a-dia na rua. Fora isso, nada.”

Há três meses, o comandante-geral da Polícia Militar do Rio, coronel Gilson Pitta Lopes, queria mais soldados nas ruas. Por isso, segundo um boletim interno da Polícia Militar, o comando cancelou 14 cursos e estágios de aperfeiçoamento. No início da noite desta terça-feira, Pitta Lopes informou que foram retomados os cursos de estágio e treinamento.

Para a Sílvia Ramos, a cultura do enfrentamento adotada pela polícia carioca é determinante para explicar o que aconteceu na noite de domingo. “A idéia de que o policial saia trocando tiros com pessoas armadas nas ruas da cidade está errada em qualquer lugar do mundo, e está errada no Rio de Janeiro também”, afirmou a socióloga.

Nesta terça-feira, o governo do estado apresentou sua idéia de um curso teórico, que vai ser dado pela internet, para os policiais que vivem a realidade das ruas. Mas o comando da Polícia Militar já admite: pelo menos no caso das abordagens, muitos policiais vão ter que voltar para a sala de aula.

“Nós vamos fazer com que os batalhões intensifiquem as instruções de abordagem a veículos, a pessoas, a edificações, fazendo com que o risco das abordagens seja reduzido”, afirmou o relações-públicas da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Rogério Leitão.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, anunciou que os policiais militares que metralharam o carro da família de João Roberto serão expulsos da corporação. “Foi uma atrocidade cometida contra inocentes. Os policiais estão presos e responderão não só do ponto de vista administrativo, mas do ponto de vista criminal”, finalizou Cabral.

Fonte: http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL640484-10406,00-RJ+SOLDADO+DA+PM+AFIRMA+QUE+NAO+TEVE+TREINAMENTO.html

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